Cooperativa Gesto-Arte
Évora, Os Gestos e A Arte
[11.11.1984 - 25.11.1984]
Galeria Nova
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O título desta exposição é , já em si, um pouco da nossa “história” de Cooperativa de Artes em Évora, na medida em que, como é óbvio, muitos gestos foram necessários para a sua formação e, porque não, muita arte também. Neste país de “engenho e arte”, não foi com economia destes atributos tão familiares ao nosso posso, que conseguimos levar a cabo a tarefa de procurarmos solucionar as grandes questões de espaço físico e apoios tão necessários ao nosso trabalho.
Por outro lado, o título desta exposição sugere aquilo que escapa a quem visita, mas que a nós, artistas e amigos da Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras, não nos passa despercebido: o grande gesto da amizade, cimento no passado, continuado agora e aprofundado, pensamos, no futuro. É neste gesto que une estas duas cooperativas que têm de comum uma vontade forte de continuar a lutar neste país por uma verdadeira cultura, que de universal (porque criada pelo homem sujeito e complemente do universo) não se perde do lugar onde está inserida e enraizada, nesta cultura que é nossa, no seio do povo que somos nós, com a imensa e vasta carga cultural, que nos identifica e define.
Neste largo gesto de amizade, dizíamos, que liga esta exposição ao passado, que liga duas Cooperativas ao presente, que conjuga os nossos esforços no verbo criar no futuro, pretendemos mostrar o que somos, o que fazemos e, sobretudo, o nosso desejo de prosseguirmos, alargando o nosso gesto-Arte a todos os homens.
Cooperativa Gesto-Arte
João Alfaro
Aparências
[23.06.1984 - 07.07.1984]
Galeria Nova
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O homem, o artista, mesmo hoje, sente uma íntima necessidade de ocultar, de mascarar, sob a égide de signos indecifráveis, os seus impulsos mais íntimos e privados; e não se trata apenas de impulsos sexuais, mas de misteriosas fontes da vida e do pensamento, que estão na base de toda a nossa actividade criadora.
Gillo Dorfles
Fernando Aguiar
Palavra Sobre Palavra
[17.03.1984 - 31.03.1984]
Galeria Nova
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Aqueles que acham que um pintor está sempre a pintar o mesmo quadro, por certo irão também achar que eu estou sempre a escrever o mesmo discurso.
Mas talvez esta sequência de formas/estruturas/espaços/texturas/int(d)ensidades sejam apenas uma história a ser contada à sua sensibilidade.
Talvez esta exposição deva ser lida como um livro com os (seus) poemas organizados por capítulos/com os (seus) quadros agrupados por temas, integrados numa mesma linguagem do autor/criador.
Marília Viegas
Pintura, Desenho, Gravura
[05.02.1984 - 24.02.1984]
Galeria Nova
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Texto: Rocha de Sousa
A ideia de que a pintura se limita a um espaço planos e de que é adversa ao “ilusionismo” da terceira dimensão pode ter significado um avanço esclarecedor sobre os equívocos que envolviam essa linguagem ou pode — ela mesma, a ideia — ter-se constituído num equívoco redutivo e perfeitamente dispensável.
(…) A pintura de Marília Viegas parece (e aparece) formulada em torno de uma noção de espaço em profundidade, partindo de arquitecturas que não existem. O que esse espaço nos propõe é uma espécie de olhares em “plano fixo” para dentro de perspectivas onde a memória do real se transforma profundamente numa memória da ficção. Cada plano já foi viagem, cada arquitectura já foi história.
Quando alguém afirmou que a pintura é coisa mental terá estado perto de concluir que toda a pintura é metafísica. A “ilustração” dessa nuance, ou desse pensar que a imagem pictórica nos pode propor, está contida (de certa maneira, obviamente) nesta série de pinturas e desenhos de M. V. Aqui, com efeito, as aparências finitas e planas da pintura servem sobretudo para nos confrontar com a dimensão de infinito que nunca saberemos apreender.